sexta-feira, 19 de junho de 2015



Malba Tahan: O homem que calculava





  • Filho de professores, cujo maior patrimônio eram os nove filhos, Júlio César nasceu no Rio de Janeiro, no dia 06 de maio de 1895.
  • Júlio César não foi bom aluno de matemática no Colégio Pedro II: chegou a tirar dois em uma sabatina de álgebra e cinco em uma prova de aritmética. Criticava veementemente a didática da época que classificava como o detestável método de salivação.
  • Nasce o personagem: Em 1919 Júlio César, depois de tentar inutilmente publicar alguns artigos seus, no jornal O Imparcial onde trabalhava, convenceu o editor a publicar os artigos de um certo R. S. Slade, que, segundo ele, estava fazendo enorme sucesso nos Estados Unidos. O primeiro de todos os artigos publicados com o pseudônimo R.S. Slade foi A vingança do Judeu. Entre 1918 e 1925, Júlio César estudou árabe, leu o Talmude e o Corão, estudou História e Geografia do Oriente e, combinado com Irineu Marinho, do jornal A NOITE, criou o personagem Ali Iezid Izz-Eduim Ibn Salim Hank Malba Tahan.






  • O livro "O homem que calculava"  narra as aventuras e proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir, personagem central de eventos que se desenrolaram na Bagdá do século XIII, cujas peripécias se tornaram lendárias e encantaram reis, poetas, xeques e sábios.

    Sucesso de vendas no Brasil, foi publicado pela primeira vez em 1939 e reeditado várias vezes - já chegou a sua 75ª edição. Lido por várias gerações, o livro, foi também traduzido para o espanhol, o inglês, o italiano, o alemão, o francês e o catalão.

    Sob a forma de romance o livro apresenta alguns problemas dentro da paisagem do mundo islâmico medieval, resolve e explica diversos problemas, quebra-cabeças e a história da matemática e, inclui, ainda, lendas e histórias pitorescas, como, por exemplo, a lenda da origem do jogo de xadrez e a história da filósofa e matemática Hipátia de Alexandria e, ao longo de sua obra, o autor, por ser um grande estudioso da cultura islã, faz sempre referências à essa cultura no livro, dando uma real impressão de que tudo ocorreu mesmo entre beduínos do deserto, xeques, vizires, magos, princesas e sultões.

    O Homem que Calculava nasceu em uma pequena aldeia de Khói, na Pérsia, onde muito jovem, pastoreava um grande rebanho de ovelhas e ao recolhê-las ao abrigo, no final do dia, contava-as várias vezes com receio de ser castigado por negligência.

    Aos poucos, foi desenvolvendo sua habilidade para contar, tanto que num relance calculava sem errar o rebanho inteiro e, assim, começou a exercitar contando pássaros, formigas, pequenos insetos, folhas de árvores, chegando à proeza de contar todas as abelhas de um enxame. Após trabalhar durante anos, usando seus dons matemáticos, como responsável pelas plantações e as vendas dos frutos, seu patrão lhe deu férias por quatro meses.

    Beremiz decidiu partir para a cidade de Bagdá e a caminho, durante uma de suas paradas para exercitar seus cálculos, conhece Hank Tade-Maiá — narrador da história — um bagdali que voltava, em seu camelo, de uma excursão à famosa cidade de Samarra, nas margens do Tigre.

    Samir conta-lhe sua história e Hank impressionado com suas grandes habilidades matemáticas, convenceu-o de que esta habilidade poderia proporcionar, a qualquer pessoa, um meio seguro de ganhar riquezas invejáveis na capital ou mesmo Bagdá, e, assim, o jovem Beremiz Samir, decidiu acompanhar Hank até Bagdá e sem mais preâmbulos, acomodou-se como pode em cima do único camelo que possuiam rumo à gloriosa cidade e, a partir deste encontro casual, tornaram-se companheiros e amigos inseparáveis.

    Durante a viagem pelo deserto Beremiz ia se exercitando contando pássaros, galhos e folhas das árvores e quando deparava com diferentes problemas ou conflitos matemáticos vivenciados pelos viajantes que cruzavam e que aparentemente sem solução, Beremiz, com sua grande capacidade de raciocínio lógico os resolve de forma simples e transparente, explicando aos seus observadores como chegou a tais conclusões, e, em algumas situações, recebe alguma recompensa, porém, em outras, se livra de situações complicadas e potencialmente perigosas.


    Algumas questões matemáticas do livro:

    1. Os 35 camelos
    A divisão dos 35 camelos ( O homem que calculava )
    Um pai de três filhos lhes deu a ordem que depois de morto, deveriam dividir os 35 camelos que possuía, de modo que o primeiro filho deveria receber a metade deles, o segundo deveria receber um terço e ao último caberia um nono.

    Como   não houve concordância entre os irmãos o que houve de fato com os mesmos ?


    A) Cada herdeiro (irmão) ficou então, com um número inteiro de camelos, maior que a parte inteira da divisão inicial .
    B) Os três irmãos tiveram uma concordância entre o sábio e foi feita a vontade de seu pai  
    C) O sábio não soube realizar o efetuamento do problema entre os herdeiros 
    D) Os três irmãos receberam de forma diferenciada e desigual a divisão feita pelo sábio .


     Resolução :

    A resposta correta é a alternativa A :
    O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava.
     

    - Somos irmãos – esclareceu o mais velho – e recebemos como herança
    esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo receber a
    metade, o meu irmão Hamed Namir uma terça parte, e, ao Harim, o mais moço,
    deve tocar apenas a nona parte. Não sabemos, porém, como dividir dessa 
    forma 35 camelos, e, a cada partilha proposta segue-se a recusa dos outros 
    dois, pois a metade de 35 é 17 e meio. Como fazer a partilha se a terça e a 
    nona parte de 35 também não são exatas?
    A partilha, segundo a vontade do pai, seria: 

    Primeiro irmão : 35/2 = (17+1/2) camelos
    Segundo irmão: 35/3 = (11+2/3) camelos
    Terceiro irmão: 35/9 = (3+8/9) camelos

    Beremiz Samir notou que a soma das parcelas era menor que o total. Havia, 
    estão, uma sobra, uma gordurinha para queimar:

    1/2 + 1/3 + 1/9 = 17/18, menor do que 1
    sobra: 1 - 17/18 = 1/18
    1/18 do total = (1/18)*35 = 1 +17/18 --- um camelo e fração, quase dois 
    camelos!

    Notou, ainda, que, se acrescentasse um camelo ao total, ficando, então, 36 camelos, obteria divisões exatas, pois
    36 é múltiplo de 2, 3 e 9.
    Assim, ele juntou seu camelo ao grupo e dividiu:

    Primeiro irmão : 36/2 = 18 camelos
    Segundo irmão: 36/3 = 12 camelos
    Terceiro irmão: 36/9 = 4 camelos
    Total = 34 camelos
    Restaram , Sobraram = 2 camelos

    um para o matemático e outro para seu companheiro 




    2. A plantação de maçãs
    A vda90 maçãs ( O homem que calculava )
    3 irmãos tem uma plantação de maça. Após a colheita o irmão mais velho ficou
    com 50 maças, o do meio com 30 e o mais novo com 10. O pai deles estipulou
    que todos devem vender as maças pelo mesmo preço e ganharem a mesma quantidade de dinheiro .
     

    A) O primeiro vendeu 50; o segundo vendeu 30 e o terceiro 10.

    B)  5 cotas de 1 maçãs, ficar com 7 reais e 1 maçã , Segundo : 4 cotas de 5 maçãs ficando com 9 reais e mais 1 maçãs , Terceiro : 1 e fica com 8 real e mais 3 maçãs.

    C) 6 cotas de 2 maçãs, ficar com 7 reais e 10 maçã , Segundo : 4 cotas de 10 maçãs ficando com 4 reais e mais 5 maçãs , Terceiro : 7 e fica com 3 real e mais 1 maçãs.

    D) O primeiro : 7 cotas de 7 maçãs, ficar com 7 reais e 1 maçã , Segundo : 4 cotas de 7 maçãs ficando com 4 reais e mais 2 maçãs , Terceiro : 7 e fica com 1 real e mais 3 maçãs. 
     
     
     
     
     
    Resolução :
     
    Todos os filhos separam as maçãs em cotas de 7 e vendem essas cotas a 1 real. O Primeiro irmão que possui 50, vai vender 7 cotas de 7 maçãs, ficar com 7 reais e 1 maçã. O Segundo irmão que possui 30 venderia 4 cotas de 7 maçãs ficando com 4 reais e mais 2 maçãs.
     
     
     resposta correta é a alternativa D :

    O Terceiro irmão que possui 10, vende apenas uma cota de 7 e fica com 1 real e mais 3 maçãs. As maçãs que sobraram de todos são vendidas a 3 reais.
     
     
     

     
     

    3. A divisão dos 21 vasos de vinho
     

    21 garrafas de vinho, 7 cheias, 7 vazias e 7 pela metade precisam ser divididas entre 3 pessoas de modo que cada pessoa fique com a mesma quantidade de garrafas e a mesma quantidade de vinho. 

    A) O primeiro : 3 cheias , 2 metades e 2 vazia ; O Segundo : 1 cheias 4 metades e 2 vazias; O Terceiro : 2 cheias 4 metade e 1 vazias .

    B) O primeiro : 2 cheias , 3 metades e 2 vazia ; O Segundo : 2 cheias 3 metades e 2 vazias; O Terceiro : 3 cheias 1 metade e 3 vazias .

    C)  O primeiro : 3 cheias , 2 metades e 2 vazia ; O Segundo : 3 cheias 3 metades e 1 vazias; O Terceiro : 3 cheias 3 metade e 1 vazias .

    D) O primeiro : 2
     
     cheias , 2 metades e 3 vazia ; O Segundo : 2 cheias 2 metades e 3 vazias; O Terceiro : 1 cheias 3 metade e 3 vazias .
     
     

    Resolução : 
    Supondo que o vaso cheio tenha 1 litro de vinho então
     temos:
     que o meio cheio tem meio litro de vinho. Daí, fazemos a seguinte divisão:
    Sócio 1 recebe: 3 cheios, 3 vazios e 1 meio cheio = 7 vasos
    Sócio 2 recebe: 2 cheios, 3 meio cheios e 2 vazios = 7 vasos
    Sócio 3 recebe: 2 cheios, 3 meio cheios e 2 vazios = 7 vasos

    E cada um recebe a mesma quantidade de litro que é de 3 litros e meio. 
     
     
     

    4. As abelhas
    A quina parte de um enxame de abelhas pouco na flor de kadamba , a terça parte numa flor de silinda , o triplo da diferença entre estes dois números voa , sobre uma flor de krutaja e uma abelha adeja sozinha , no ar , pelo perfume de um jasmim e de um pandnus . Dize - me , bela menina , qual o número de abelhas ?

    A)30
    B)15
    C)60
    D)45


    Resolução :
    A resposta correta é a alternativa B :


    x/5+x/3+3.(x/3-x/5)+1=x
    x/5+x/3+3(5x-3x)/15+1=x
    x/5+x/3+2x/5+1=x
    (3x+5x+6x+15)/15=15x/15
    14x+15=15x
    15x-14x=15
    x=15 


     
    5. Problema de Lógica: As pérolas do rajá 

    Um rajá deixou às suas filhas certo número de pérolas e determinou que a divisão se fizesse do seguinte modo: a filha mais velha tiraria 1 pérola e um sétimo do que restasse; viria, depois, a segunda e tomaria para si 2 pérolas e um sétimo do restante; a seguir a terceira jovem receberia 3 pérolas e um sétimo do que restasse. E assim sucessivamente. A divisão proposta pelo velho rajá era justa e perfeita. Feita a partilha, cada uma das herdeiras recebeu o mesmo número de pérolas. Pergunta-se: Qual o número de pérolas? Quantas são as filhas do rajá?
    A)49 Pérolas e 7 Filhas
    B)42 Pérolas e 7 Filhas
    C)36 Perolas e 6 Filhas
    D)30 Pérolas e 6 Filhas

     Resolução :
    A resposta correta é a alternativa C :

    Seja x o número total de pérolas do rajá e q1, q2, q3 etc. as quantidades para cada filha. Portanto x = q1+q2+q3 etc.
    A primeira filha retirou 1 pérola mais 1/7 do restante:
    q1 = 1 + 1/7 * (x-1) = (x+6)/7
    Então restaram:
    x - q1 = x - ((x+6)/7) = (6x-6)/7
    A segunda retirou 2 pérolas mais 1/7 do restante:
    q2 = 2 + 1/7 * ((6x-6)/7 - 2) = (6x+78)/49

    Poderíamos agora calcular o restante e a quantidade para a terceira filha mas não é necessário. Como sabemos que as herdeiras receberam o mesmo número de pérolas, então, q1=q2=q3 etc. Assim, podemos igualar a quantidade q1 com q2 e encontrar o valor do número total de pérolas:
    q1 = q2
    (x+6)/7 = (6x+78)/49
    x = 36


    As pérolas eram em número de 36 e foram repartidas por 6 filhas. A primeira tirou 1 pérola e mais um sétimo de 35, isto é, 5; logo, tirou 6 pérolas e deixou 30. A segunda, das 30 que encontrou, tirou 2 mais um sétimo de 28, que é 4; logo, tirou 6 e deixou 24. A terceira, das 24 que encontrou, tirou 3 mais um sétimo de 21, ou 3. Tirou portanto 6, deixando 18 de resto. A quarta, das 18 que encontrou, tirou 4 mais um sétimo de 14. E um sétimo de 14 é 2, recebendo também 6 pérolas. A quinta encontrou 12 pérolas e retirou 5 e um sétimo de 7, isto é, 1; logo tirou 6. A sexta filha recebeu, por fim, as 6 pérolas restantes.


    6. Problema de Lógica : Vida de Diofante :
    Deus lhe concedeu graça de ser um menino pela sexta parte da sua vida. Depois ,por um doze avos, ele cobriu seu rosto com a barba. A luz do casamento iluminou-o após a sétima parte e cinco anos depois do casamento Ele concedeu-lhe um filho. Ah criança tardia e má, depois de viver metade da vida de seu pai o destino frio a levou. Após consolar sua mágoa em sua ciência dos números, por quatro anos, Diofante terminou sua vida. Quantos anos viveu Diofante?
    A)88
    B)76
    C)80
    D)84

    Resolução :
    A resposta correta é a alternativa D :
    x/6 + x/12 + x/7 + 5 + x/2 + 4 = x
    determine o mmc(6,12,7,2) coloca tudo sobre 84
    (14x + 7x+ 12x + 420 + 42x + 336 )/84= 84x/84
    cancele o denominador
    14x + 7x + 12x + 420 + 42x + 336 = 84x
    isole os termos que possuem a incógnita x pra esquerda e os numerais a direita
    só resolver a equação do 1º grau
    14x + 7x + 12x + 42x - 84x = -420 - 336
    75x - 84x = -756
    -9x = -756
    x = 756/9
    x = 84