segunda-feira, 25 de maio de 2015





Inclusão do aluno Deficiente Visual:  uma prática possível.



 
Os sentimentos de pena, piedade e comiseração são frequentes em relação às pessoas com deficiência visual, o que leva muitas vezes à atitude de superproteção tais como protegê-las em casa ou em escolas especiais, guiar ou conduzir a criança, evitar que brinque com crianças videntes, deixá-la sentada para não se machucar, falar por ela ou tentar resolver os seus problemas. Esse conceito de deficiência como incapacidade e desvantagem, historicamente construído, é que manteve as crianças com deficiência visual em escolas especiais ou as tem conservado em atendimento segregado em salas de recursos até que estejam prontas para a integração escolar.
 Diversamente do que poderíamos supor, o termo cegueira não é absoluto, pois reúne indivíduos com vários graus de visão residual. Ela não significa, necessariamente, total incapacidade para ver, mas, isso sim, prejuízo dessa aptidão a níveis incapacitantes para o exercício de tarefas rotineiras.
O desenvolvimento geral da criança deficiente visual é mais lento. A dificuldade motora das crianças cegas decorre muitas vezes por que elas não tem a possibilidade de imitar espontaneamente como as crianças que enxergam.
 
 As pessoas cegas, tem uma sensibilidade acima do normal para o tato, a audição e o olfato. Ciente dessa capacidade  permite ao professor  conduzir caminhos  para que possam a conhecer o mundo pelo toque.
É importante saber que deficiência visual pode abranger dois tipos: a cegueira e a baixa visão . A cegueira pode ser definida pela total ausência de visão ou a simples percepção de luz; segundo os mesmos autores, vários países ocidentais consideram que um olho é cego quando seu campo visual se encontra reduzido a 20º.
A baixa visão é a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente de inúmeros fatores isolados ou associados tais como: baixa acuidade visual significativa, redução importante do campo visual, alterações corticais e/ou sensibilidade aos contrastes que interferem ou limitam o desempenho visual do indivíduo As inúmeras causas que provocam a redução da acuidade visual também levam a diferentes situações de ordem funcional da visão.
Em uma perspectiva educacional,  são considerados deficientes visuais  todas as pessoas que não têm acuidade visual, ou que tenham problemas visuais graves não solucionáveis com recursos ópticos comuns.
O aluno DV   deve  participar ativamente de todas as atividades juntos com seus colegas, inclusive os momentos de recreação.
Os professores para dar inicio a um trabalho pedagógico com a criança deficiente visual, deve em primeiro lugar saber o grau de deficiência para então usar o material adequado e estratégias mais adequadas a seu aluno, aliando realmente todas as possibilidades às suas necessidades.
Podemos classificar as deficiência visuais em dois grupos: o das pessoas portadores de cegueira e das pessoas portadores de visão subnormal, podendo ser uma deficiência de origem congênita ou adquirida. Pessoas portadores de cegueira são os indivíduos que apresentam desde a ausência total da visão, até perda de percepção de luz, sendo necessária a utilização do sistema Braille para a comunicação escrita, além de não utilizar a visão para a aquisição de conhecimento, mesmo que a percepção de luz possa auxiliar na orientação da mobilidade.
No grupo de pessoas portadoras de visão subnormal, que também pode ser denominado de visão reduzida ou baixa visão, estão indivíduos que apresentam desde a condição de indicar a projeção de luz até o grau em que a redução de sua acuidade visual limita seu desempenho. Podemos citar como exemplos de patologias que levam a este tipo de deficiência visual, a retinose pigmentar e o glaucoma. Tem-se dado ênfase na utilização do resíduo visual e o treinamento deste para o seu aproveitamento máximo.
Devemos dar muita importância a idade de ocorrência da perda da visão, porque se ocorre antes dos cinco primeiros anos de vida, o portador não será capaz de reter uma imagem visual útil. Ocorrendo após este período poderá trazer alguns aspectos positivos: formação de conceito de espaço, tamanho e forma; possibilitar relações afetivas precoces e percepção de objetos em relação simultânea de posição.
A enorme importância da visão para o ser humano se explica pois é a forma mais objetiva de experimentação humana, fornecendo detalhes que nenhum outro sentido pode fornecer. Se uma criança nasce cega, dependerá da audição e do tato para adquirir conhecimentos e formar imagens mentais. Porém, se a criança ficou cega após os cinco anos, terá retido imagens visuais e será capaz de relacioná-las com imagens auditivas e táteis com mais facilidade.
Como principais limitações da cegueira, podemos citar a privação de importantes pistas sociais (gestos, movimentos e expressões fisionômicas de outras pessoas), restrição da mobilidade independente em ambientes não familiares, impedimento de acesso direto à palavra escrita (sem a visão poderá passar a usar o Braille ou o Sorobam, que são mais demorados), dentre outras.
Além da limitações impostas pela presença da cegueira ou visão subnormal, várias consequências incidirão sobre o desenvolvimento da criança.
No desenvolvimento motor, onde a visão funciona como “auto estimulo” para o bebê, poderá acarretar atraso na mobilidade auto-iniciada (levantar o tronco quando está de bruços, sentar-se sozinha,…); atraso na iniciativa para alcançar objetos; atraso no movimento de preensão (seguras as mãos, pegar objetos,…); atraso na coordenação das mãos; surgimento de maneirismos (regressão aos padrões motores primitivos, com movimentos não direcionados, característicos até os três meses como movimentos reflexos).
O bebê cego nos primeiros meses de vida quase não se movimenta, por isso deverá ter uma estimulação precoce utilizando objetos com pistas sonoras (sons agradáveis) e
seus pais deverão ser orientados para colocar o bebê em diferentes posições para que possa viver a experimentação das várias posições corporais e desenvolver sua movimentação.
Na parte de desenvolvimento cognitivo poderá apresentar atraso da noção de permanência de um objeto, dificultando a capacidade de reconhecer a realidade externa como diferente da sua; utilização da coordenação áudio-manual (busca de um objeto quando estimulado por um som) com maior frequência do que a visual-manual, que estará comprometida, levando a uma menor manipulação e experimentação dos objetos; demora na compreensão de dimensões de objetos e na aquisição de noção de causalidade (causa e efeito) e dificuldade no aprendizado através da manipulação e jogos de construção (blocos), nestes casos podendo ser utilizada a argila como alternativa.
O desenvolvimento da linguagem também é afetado com a criança utilizando um número menor de palavras funcionais relacionadas ao seu ambiente (ali, lá, acima,…) e pode surgir o verbalismo, quando a criança vivência a experiência do outro pelo uso das palavras ou expressões sem corresponder com situações que tenha vivenciado.
O mais importante é criar o ambiente propício para a criança com deficiência visual conseguir alcançar um desenvolvimento compatível com o estágio de vida que se encontrar até que possa ter a capacidade de se tornar independente e ativa socialmente. Para tanto é extremamente importante que pais, cuidadores e profissionais de saúde formem uma “equipe humana” onde cada um terá seu papel na estimulação precoce da criança, inserindo-a verdadeiramente no contexto social.
Neste sentido, a equipe de saúde (pediatria, fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia,…) deverá ser transdisciplinar e não sendo possível, pelo menos multidisciplinar, para que o
tratamento seja o mais eficiente e o menos traumático possível, dando a criança
toda a confiança e tranquilidade para seu desenvolvimento.

 
   Abaixo encontram-se os principais problemas de visão:



 
Baixa visão  ou visão subnormal
 
É aquela que os óculos convencionais ou lentes de contato não corrigem totalmente a visão, necessitando de auxílios ópticos para ampliar a aproximar objetos do seu campo de visão, como lupas, telescópios e óculos com graus especiais
 
Letras grandes e figuras sem muitos detalhes (muitos detalhes confundem) 
 
 
 Uso de maiúsculas
 Usar o tipo (letra) Arial
 Tamanho de letra em torno de 20 a 24 (ou seja, ampliada)
 Usar entrelinhas e espaços
 Cor do papel e tinta (contraste)

Para alguns alunos é necessário um espaço maior entre as linhas; como não encontramos este tipo de caderno no mercado pode-se utilizar caderno de desenho ou encadernar um maço de sulfite, colocando capas (frente/verso) e em seguida traçar as linhas mais espaçadas, como no exemplo abaixo 5 cm, folha por folha (com lápis 6B) de acordo com a necessidade do aluno. As mães costumam colaborar quando orientadas neste sentido.


Como identificar um aluno com baixa visão?
Nessa categoria estão os indivíduos apenas capazes de CONTAR DEDOS a curta distância e os que só PERCEBEM VULTOS. Mais próximos da cegueira total, estão os indivíduos que só têm PERCEPÇÃO e PROJEÇÃO LUMINOSAS. No primeiro caso, há apenas a distinção entre claro e escuro; no segundo (projeção) o indivíduo é capaz de identificar também a direção de onde provém a luz.

   
Retinose pigmentar
Para uma pessoa com os primeiros sintomas de retinose pigmentar, o campo de visão fica parecido com uma imagem iluminada por uma vela, com o centro nítido e as bordas nebulosas

 A dificuldade de enxergar à noite é normalmente o primeiro sinal de alerta da retinose pigmentar, uma doença oftalmológica hereditária. Mas há outros sintomas importantes, entre eles diminuição do campo de visão, que pode fazer com que a pessoa tenha problemas para se movimentar sem tropeçar ou esbarrar em algo, diminuição na visão e alterações na percepção das cores e detalhes.
O que é?
Um erro genético na formação do DNA é o responsável pela perda gradual da visão. O problema acontece na retina, a 'lente' que capta luz no olho. Ela é composta por células fotoconversoras, chamadas cones e bastonetes. As primeiras são responsáveis pela nossa visão de detalhes (usada para leitura, por exemplo) e as últimas, pela visão de navegação. “Ambas traduzem a luz captada pelos olhos em impulsos nervosos levados a diversos pontos do nosso cérebro através do nervo óptico. Nas pessoas com retinose pigmentar, essas células morrem gradualmente, o que leva à perda da visão”.

 

 Catarata congênita
  

 
 A catarata pode ser detectada pela alteração do reflexo vermelho do olho. Perante uma alteração do aspecto róseo e uniforme do reflexo, a criança deve ser referenciada com urgência ao Oftalmologista.
A alteração do reflexo vermelho depende da MORFOLOGIA da catarata, a qual tem um largo espectro de apresentação. Vai desde uma pequena opacidade da cápsula anterior (pequena mancha do reflexo) até uma opacidade total (ausência de reflexo ou leucocória se a opacidade adquirir um aspecto branco). Quanto maior e/ou mais posterior for a opacificação do cristalino maior será a repercussão funcional e mais urgente deve ser a intervenção do Oftalmologista.

Tratamento


Depende da repercussão funcional da catarata. Na presença de diminuição importante da Acuidade Visual por obstrução importante do eixo visual o tratamento é cirúrgico e deve ser efetuado o mais precocemente possível antes que se instale nistagmo e estrabismo.

 
 
Glaucoma congênito
Os principais sinais clínicos são:
Lacrimejamento: os olhos estão sempre molhados, úmidos.
Fotofobia: quer dizer medo da luz. A criança não tolera a claridade.
Buftalmia: olhos grandes, desproporcionais ao rosto do bebê, parecem saltar das órbitas. Quando atinge apenas um dos olhos, é assimétrica.
Córneas (olhos que lembram a jabuticaba): muitas vezes a córnea apresenta coloração azul violácea. Isso se deve ao edema provocado pela pressão alta intraocular, dando a impressão de que a córnea ocupa todo o espaço, ficando difícil ver a pupila e a íris.
Em alguns casos, não há edema e os olhos apresentam apenas uma leve diferença de tamanho.



Miopia

A miopia é uma condição comum em que a pessoa vê objetos próximos com clareza, mas objetos mais distantes são borrados. 







Hipermetropia

A pessoa hipermétrope possui a visão borrada (sem nitidez) para objetos localizados próximos ao olho. Já a visão de longe pode ser normal.
Este problema de visão é corrigido com o uso de óculos ou lentes de contato convergentes ou convexas. Outra opção é a cirurgia refrativa.
  
 
 
 
 
 
 
 Astigmatismo
 

O astigmatismo ocorre quando a córnea apresenta uma maior curvatura em uma direção, o que distorce a visão para perto e à distância também.
O astigmatismo se caracteriza pela formação da imagem em vários focos, em eixos diferenciados. Uma córnea normal é redonda e lisa, no caso de quem tem astigmatismo, ela é mais ovalada, isto faz com que a luz se refrate por vários pontos da retina em vez de se focar em apenas um.

Para as pessoas com este problema, todos os objetos – tanto próximos como distantes – ficam distorcidos. As imagens ficam embaçadas porque alguns dos raios de luz são focalizados e outros não. A sensação é parecida com a distorção produzida por um pedaço de vidro ondulado.
Porém, o astigmatismo também pode surgir devido a um trauma nos olhos, doenças oculares, como ceratocone, ou cirurgia mal feita, não sendo causado por se ler no escuro, ficar perto da televisão ou utilizar o computador muitas horas seguidas.



Estrabismo

Existem diversos tipos de estrabismo; o olho afetado pode estar desviado em direção ao nariz (estrabismo convergente), para o lado (estrabismo divergente), para cima ou para baixo (estrabismo vertical). Pode haver uma combinação de desvio horizontal e vertical num mesmo paciente, como, por exemplo, em direção ao nariz e para cima.
Antes dos quatro meses de idade, os olhos do bebê podem apresentar pequenos desvios, porém raramente e por períodos de tempo muito curtos. Isso ocorre porque os reflexos que alinham os olhos ainda não estão maduros. Após os quatro meses isso não deve mais ocorrer, pois qualquer desvio ocular frequente ou permanente, em qualquer idade, é estrabismo e não cura sozinho.

 

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